
A hanseníase está na lista das doenças negligenciadas e o Brasil perde apenas para a Índia em número de casos. Porém, já ocupa o primeiro lugar em taxa de detecção, que alcançou 1,3 diagnósticos por 10 mil habitantes em 2019, antes da pandemia – houve acentuada queda de diagnósticos de novos casos desde 2020.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), acima de 4,0 o país entra na “situação hiperendêmica”. A taxa baixa de detecção é menos que 0,2 casos a cada 10 mil habitantes; a taxa média é de 0,2 a 0,9; e a alta de 1,0 a 1,9.
Desde 2015 a SBH (Sociedade Brasileira de Hansenologia) realiza a campanha educativa "Todos contra a hanseníase" desde 2015.
Segundo o dermatologista e hansenólogo Claudio Guedes Salgado, presidente da SBH, o Brasil vive um cenário que remete a um histórico de estigma e preconceitos institucional, profissional e da sociedade em geral contra as pessoas atingidas pela hanseníase e os familiares que convivem ou conviveram com a doença; falta de linhas de cuidado, fazendo com que os pacientes diagnosticados não tenham acesso ao sistema de saúde; ausência de novas drogas para tratamento, o que a caracteriza como uma doença negligenciada; a tentativa de diminuição do tempo de tratamento dos pacientes com os mesmos antibióticos usados há mais de 4 décadas, ignorando a capacidade bacteriana de se proteger para se manter viva; o uso indiscriminado de drogas imunossupressoras para o tratamento de “reações” que nunca cessam; o diagnóstico de outras doenças que podem, em algumas de suas fases, parecer com a hanseníase, dentre vários outros problemas.
Hanseníase tem cura
A doença tem cura, tem tratamento gratuito em todo o território nacional, não faltam medicamentos (são doados pela OMS ao país) e o diagnóstico é clínico, ou seja, o paciente apresenta um conjunto de sinais e sintomas que podem ser identificados em consulta médica. Em tratamento, o doente deixa de transmitir a hanseníase.
Como o bacilo agride os nervos, o paciente apresenta espessados, além de manchas irregulares avermelhadas ou esbranquiçadas pelo corpo. Em algumas áreas da pele pode haver perda de pelos, diminuição e até perda total de sensibilidade e ausência total ou parcial de suor, entre outros sintomas.
Porque a doença foi equivocadamente considerada controlada, os profissionais de saúde não são preparados nas universidades para diagnosticar a hanseníase.
Números no país
O mais recente boletim do Ministério da Saúde mostra que de 2016 a 2020 foram diagnosticados 155.359 casos novos de hanseníase no país.
O Mato Grosso foi o estado com a maior taxa de detecção: 71,44 casos novos por 100.000 habitantes. O Tocantins ficou em segundo lugar com 53,95 casos novos por 100.000 habitantes, sendo que a capital, Palmas, registrou taxa de 118,51 casos por 100.000 habitantes, a maior entre as capitais do país. De 2011 a 2020, o Brasil diagnosticou 19.963 casos novos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física (sequelas incapacitantes).
Com informações da assessoria
Foto: Divulgação/SES-MS